Na noite da minha morte Tudo voltará silenciosamente ao encanto antigo... E os campos libertos enfim da sua mágoa Serão tão surdos como o menino acabado de esquecer. Na noite da minha morte Ninguém sentirá o encanto antigo Que voltou e anda no ar como um perfume... Há-de haver velas pela casa E chales negros e um silêncio que eu Poderia entender. Mãe: talvez os teus olhos cansados de chorar Vejam subitamente... Talvez os teus ouvidos, só eles ouçam, no silêncio da casa velando, Uma voz serena de infância, tão clara e tão longínqua... E mesmo que não saibas de onde vem nem porque vem Talvez só tu a não esqueças. Cristovam Pavia, 20 Anos de Poesia Portuguesa, Círculo de Poesia, Moraes Editores